Nessa vigésima nona edição, a revista Alegrar apresenta uma diversidade de temas e questões que atravessam tempos pandêmicos, entre vida e arte e educações e filosofias e…  

“Por que alguns filmes nos afetam tanto e outros não?” “Por que aprendemos tanto com algumas aulas e com outras não?” Algumas das questões propostas por Nilson Fernandes Dinis, em seu artigo Provocações sobre Cinema, Educação e Alteridade. Nele, o autor trata da relação entre o cinema e a educação, conectando autores “como Jean Claude Bernardet, Gilles Deleuze e Elizabeth Ellsworth, para pensar o exercício da alteridade como uma das principais funções do cinema e da educação.”  

Em Aforismar uma educação (matemática): o que pode uma docência em suas variações?! Gilberto Silva dos Santos, Samuel Edmundo Lopez Bello e Virgínia Crivelllaro Sanchotene pensam docências e aulas e escolas e pesquisas e educações (matemáticas e outras) e… Em escritas que variam, com aforismos, potencializando educações matemáticas e docências contemporâneas. Entre tipologias de docências e filosofia de Nietzsche, perspectivam-se “as docências e a nós e aos lugares que ocupamos”. 

No ensaio Cartas para bell hooks: políticas do encontro para erguer a voz na Universidade, as autoras Bruna Moraes Battistelli, Daniela Ferrugem, Luana Ramalho Martins, Bárbara Magnani Rodrigues, Karem Samia Pamplona Pires e Luciana Rodrigues apostam na experiência como fonte de produção de conhecimento e na potência das cartas que escrevem para bell hooks. Movidas por um projeto de extensão universitária que visava construir-se como espaço de escuta e acolhimento para mulheres estudantes, pensando com bell hooks e escrevendo para ela.  

O fantástico equívoco de Drauzio: as delícias e as dores de um Jornalismo de Perspectivas, artigo de Evandro José Medeiros Laia e Lara Linhalis Guimarães, analisa desdobramentos de uma reportagem do programa Fantástico, da TV Globo, em março de 2020, quando o médico Drauzio Varella abraçou uma das detentas que faziam parte da reportagem sobre a situação de mulheres transexuais em cadeias e presídios do Brasil. A partir do conceito de Humanidade Compartilhada, do Perspectivismo Ameríndio e da Teoria Ator-Rede, mostram “então o modo como a veiculação e os posteriores desdobramentos deste material encerram uma série de características que apontam para uma experiência que assume a possibilidade de um Jornalismo de Perspectiva, constituindo Drauzio Varella como um médico-jornalista que exerce um papel análogo ao do xamã, nas cosmologias ameríndias.”

Em O Outro está aí: lições ameríndias para uma educação com o Outro Jimy Davison Emídio Cavalcanti nos provoca: poderíamos “pensar a relação com o Outro na educação para além das vias da integração e da inclusão e da referência ao Humano?” O ensaio percorre teoricamente uma possibilidade ética da educação com o outro, aliado a alguns autores atentos às cosmologias ameríndias, principalmente ao antropólogo Eduardo Viveiros de Castro. 

A covid, uma experiência envolve uma narrativa poético-visual, em torno de dias de adoecimento de seu autor, Tiago Amaral Sales. Tem seu título inspirado no livro A doença, uma experiência, de Jean-Claude Bernardet. Entre escritas e imagens manipuladas digitalmente. “E o corpo, ele que lute”. Diário-arquivo dos atravessamentos do encontro entre humano e vírus.   

Inspiradas pela perspectiva cartográfica e pelo samba como campo de resistência e re-existência, Ana Schilke, Lauane Baroncelli Nunes e Vivian Padial Leão escreveram Os sambas (im)possíveis em tempos de pandemia: cartografando as experiências pedagógicas vividas em ambiente hospitalar.  Análise do processo de composição do trabalho pedagógico em espaços hospitalares brasileiros no contexto pandêmico, buscando experiências pedagógicas potentes. 

Mateus José Lannes Tolentino nos traz uma resenha crítica do filme O bandido da luz vermelha: Cinema em crise. Sobre O bandido da luz vermelha, de Rogério Sganzerla

Desejamos excelente leitura.

Kátia Kasper e Juliana Gisi