Editorial 19
A revista Alegrar chega a sua décima nona edição, proliferando conexões, mantendo-se como um espaço aberto às pesquisas e experimentações que envolvem educação e filosofia e arte e ciências e….
Em Álbum Familiar – fotografias que devolvem o olhar, Eduardo Pellejero nos instiga a pensar “algumas das questões que continua a levantar a imagem fotográfica para nós, cada vez que procura exceder os estreitos limites que lhe impõe a lógica da indústria cultural.” Álbum no qual “imagens da dor dos outros nos concernem, nos olham.”
Práticas de si – de Suzana Mattos da Rosa, Roselaine Albernaz e Bárbara Hees Garré – cartografa uma experiência com a literatura, no encontro com “A hora da estrela” de Clarice Lispector, produzindo “sensações de estranhamento que se potencializam no encontro com o outro, o dito anormal”. Experimentação que possibilita novos caminhos de um projeto de pesquisa, articulando uma filosofia do presente com a literatura.
Entre caricaturas, filosofias, imagens, Camilo Riani nos provoca com Arte-rosto-humor-experiência, re-corte de sua tese de doutorado intitulada Caricatas: arte-rosto-humor-experiência.
Andreia A. Marin nos convida a saborear suas Pequenas heranças pedagógicas, movidas pelo desejo de “tornar em escrita os tantos incômodos de quem viveu mais de três décadas de ambiente escolar/acadêmico. A partir de um relicário deformado em caixa de lembranças empoeiradas, cuja única forma de recuperação é pelo fogo”.
Escrita espelho: diário como identidade-escritora envolve o encontro de Christine Gryschek com Maura Lopes Cançado. Provocada pelo diário de Maura, “Hospício é Deus” – no qual expõe seu cotidiano no Hospital Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro – Christiane tece um corpo do texto em torno dos processos nos quais Maura torna-se escritora, em torno da “poética de sua autoimagem”.
Lucas Martins Vieira cria uma Escrita com estranhos: bicho, homem, pedra. Estranha atmosfera é produzida na escrita entre o que se passa “entre ser e estranho”. Contágios, contaminações, transmutações.
Helena Werneck Brandão, em Inventar aumenta o mundo: aproximações entre arte, clínica e vida, aproxima o fazer clínico do fazer artístico. Pensa ambos “a partir de seus movimentos instituintes”, inspirada em autores da Filosofia da Diferença, como Deleuze e Guattari. Fazer clínico que investe em processos de produção de subjetividade, emergindo “como ato de resistência e aproxima-se, desta forma, do fazer artístico. Arte e clínica confundem-se em um movimento de expansão da vida”.
O ensaio Zumbido: um encontro com a loucura, de Mario Cesar Candido e Maria Cristina Campello Lavrador, envolve duas narrativas de experiências em uma residência terapêutica localizada no tecido de uma cidade. Convoca nossa atenção ao zumbido. Que zumbido? Zumbidos? E assim vamos nos abrindo “ao contato com a loucura como dimensão-outra de nossas próprias experiências”. Entre cidade, loucura, pesquisa.
Kátia Maria Kasper e Juliana Gisi