Editorial

Alegrar chega a sua décima primeira edição, proliferando conexões, mantendo seu caráter multi ou transdisciplinar. Nossa revista mantém-se como um espaço para a pesquisa e a experimentação, insistindo em apresentar produções que buscam articular a prática da criação de conceitos e de sua exposição à feitura de novos modos de subjetivação.

Em Seis tentativas de ensaios em migalhas, Deniz Alcione Nicolay cria um jogo intertextual, brincando com a forma ensaio, ao mesmo tempo em que revisita algumas concepções em torno do aprender e do pensar.

Maria dos Remédios de Brito, em suas Notas sobre a idéia de intercessores como um conceito na filosofia de Gilles Deleuze: por um teatro filosófico mostra a importância do conceito de ‘intercessor’ para a produção de uma nova imagem do pensamento, capaz de destituir uma imagem dogmática que tenha como ponto de partida definições prévias do que significa pensar.

Com a criação de um personagem conceitual, híbrido de figura estética, chamado professor Nietzsche, Renata Ferreira da Silva alinhava narrativa e investigação a respeito do que se passa na sala de aula, em busca de possibilidades inauditas do que possa vir a ser uma aula como acontecimento imprevisível.

Ricardo Miranda Nachmanowicz apresenta Lumpy Gravy como um exercício de deslocamento, desarticulação e implosão das classificações musicais, em seu ensaio intitulado Frank Zappa e o jogo do desmembramento.

Em A alegria não cabe no amor platônico, Margaret Maria Chillemi critica as concepções de amor que aparecem no Banquete, por vincularem-no a uma falta originária, e propõe um conceito de amor que possa fazer jus às práticas amorosas produtivas e corporificadas.

A experiência de criação de uma máscara-educação, por Eduardo Silveira, parte de uma distinção entre máscaras que nos fazem subsistir em uma “quase não-vida” e aquelas capazes de produzir novos corpos e novas vozes para tratar de uma intervenção artística de mascaramento urbano.

Conrado Augusto Gandara Federici mistura uma voz que narra algo de sua vida a um interlocutor que não ouvimos à voz de Riobaldo Tatarana, buscando no Grande sertão um entrelaçamento entre escrever e experienciar, pensar e viver, em sua Carta com Guimarães Rosa, produzida como exercício junto a universitários da área da saúde.

Em Perdas e lutos – quando experimentamos fins de mundos, Ana Lucia Rocha mostra que tornar-se outro, experimentar devires, requer a capacidade não apenas de inventar ou se abrir a novos começos, mas também de lidar com finalizações. Um modo de existência alegre, desse ponto de vista, não se produz numa mera espontaneidade, mas é fruto de combate consigo e em prol de novos “si-mesmos”. 

Clarissa Alcantara interroga a articulação entre corpo e desejo em suas potências produtoras de um pensamento em arte, compondo seu Corpo em transe:experimentos de transcinema e performance para um teatro desessência.

Com a criação de um personagem conceitual, híbrido de figura estética, chamado professor Nietzsche, Renata Ferreira da Silva alinhava narrativa e investigação a respeito do que se passa na sala de aula, em busca de possibilidades inauditas do que possa vir a ser uma aula como acontecimento imprevisível: Aula e suas dimensões estéticas.

Cíntia Vieira da Silva e Kátia Maria Kasper