Olhos de lince

Mariana Machado Denardi

Sinopse

O olhar observador de Clarice, fingindo indiferença (e certo desprezo) pelos demais, acompanha pelas janelas os movimentos de uma pacata cidade tombada como patrimônio histórico. Numa das ruelas que leva o nome dos voluntários de guerra, territórios existenciais se sobrepõem. Em ações de espionagem, Clarice narra as experiências de sua vizinha em quarentena. Nada escapa ao olhar de Clarice que, a partir dos hábitos observados, vai tecendo críticas aos seres humanos e, numa espécie de vício insistente, vai dando a entender que não faz parte desta humanidade. A atração, quase obsessiva, por janelas às conecta e quando Clarice é flagrada espionando, algo inusitado acontece: a força de uma amizade entre seres de naturezas distintas que compartilham a mesma humanidade. Conforme a amizade se aprofunda, as personalidades se misturaram de um modo que se torna difícil distinguir ao certo quem é quem. A quarentena acaba impondo uma reviravolta na vida da vizinha, que se despede abruptamente da casa, das janelas e de sua intrusa amiga. Um final revelador recoloca tudo, ou quase tudo, em seu devido lugar. Trata-se de uma autobiografia às avessas inspirada em experiências ficcionalmente reais ocorridas no período de isolamento social. 

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