Carta a quem não sabe ler

Fernanda de Oliveira

Passei horas revendo fotos nossas durante o isolamento, porque tão longe assim olhar registro é só e tudo que resta. Olho e sinto uma saudade de faltar o ar. Eu que estou acostumada com o peito apertado achei que não doeria tanto assim ficar sem vocês. Cada dia foi perdendo um pouco dos tons fortes das nossas misturas infindáveis de cores. Já não sei mais se sei tudo que eu sabia decor: ritmos, choros, cores, risadas. Isolada, uma parte de mim falta e essa parte não tem previsão de presença. Essa parte não é o todo, mas é uma parte que importa. Importa tanto que sem essa parte, pende. Cogitei estar perdendo o respiro da escrita e a voz da poética, o presente de vida que vocês me deram. Fina linha entre excesso de loucura a falta de percepção.

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