Habitar na fronteira: Lygia Clark e a relação entre arte e clínica   

Desirée Valente Spessote

Resumo

O objetivo deste artigo é refletir sobre os possíveis diálogos entre arte e clínica a partir do trabalho de Lygia Clark. Em um primeiro momento, analisaremos o percurso de Lygia até a elaboração dos Objetos Relacionais, mostrando como a preocupação com a subjetividade e a singularidade sempre estiveram presentes em suas obras. Posteriormente, exploraremos o potencial de suas proposições nas sessões de Estruturação do Self, analisando as possíveis contribuições de Lygia para a construção de uma prática clínica. Assim, este artigo defende que a produção de Lygia Clark habita entre a arte e a clínica, fronteira que se sustenta na desorganização das classificações em nome da liberdade.

Palavras-chave: Arte; Clínica; Subjetividade; Singularidade.

Abstract

The purpose of this article is to reflect upon the possible dialogues between art and clinic based on Lygia Clark’s work. At first, we will analyze Lygia's path leading to the elaboration of Objetos Relacionais, showing how the concern with subjectivity and singularity have always been present in her works. Subsequently, we will explore the potential of her propositions in the Estruturação do Self sessions, analyzing Lygia's possible contributions to the construction of a clinical practice. Thus, this article defends that Lygia Clark's production lives between art and clinic, a border that is sustained by the disorganization of classifications in the name of freedom.

Keywords: Art; Clinic; Subjectivity; Singularity.

Texto Completo

PDF

Referências

BRANDÃO, H. W. Inventar aumenta o mundo: aproximações entre arte, clínica e vida. Alegrar, Campinas, v. 19, p. 92-98, 2017. Disponível em <https://alegrar.com.br/conteudo-19/> Acesso em 13 mai. 2021. 

BRITO, R. Esculturas transitórias. In:____. Experiência crítica. São Paulo: Cosac Naify, 2005. 
 
CLARK, L. Da   supressão   do   objeto (anotações). In: FERREIRA, G.;   COTRIM, C.  (Org.).  Escritos   de artistas: anos 60/70. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.

GULLAR, F. Manifesto Neoconcreto. In:____. Etapas da Arte Contemporânea. Do cubismo à arte neoconcreta. 3 ed. Rio de Janeiro: Revan, 1999. p. 283-288. 

MOURA, F. R. Obra em construção: a recepção do neocentrismo e a invenção da arte contemporânea no Brasil. Tese (Doutorado em Sociologia) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2011. Disponível em <https://teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-20032012-122750/pt-br.php>. Acesso em 13 mai. 2021. 

RODRIGUES, W. A “Baba antropofágica” de Lygia Clark e os “Parangolés” de Hélio Oiticica como arte de performance. Conhecimento & Diversidade, [S.l.], v. 9, n. 19, p. 178-190, 2018. Disponível em <https://revistas.unilasalle.edu.br/index.php/conhecimento_diversidade/article/view/3132>. Acesso em: 03 nov. 2020.

ROLNIK, S. Lygia Clark e o híbrido arte/clínica. Concinnitas, Rio de Janeiro, v. 1, n. 26, p. 104-112, 2015. Disponível em <https://www.e-publicacoes.uerj.br/ojs/index.php/concinnitas/article/view/20104>. Acesso em 13 mai. 2021.