Corpo em fragmentos: cadernos de notas de uma agitação silenciosa em tempos de pandemia
Corpo em fragmentos: cadernos de notas de uma agitação silenciosa em tempos de pandemia
Maria dos Remédios de Brito; Dhemersson Warly Santos Costa
Resumo
Fazer notar uma singularidade que não se coloca em sucessões ordenadas, mas por agitações, certas turbulências que se impõe no corpo em estado de isolamento, em quarentena, por conta de uma pandemia mundial. Que forças podem ser inventadas? Que pensamentos podem ser manifestos? Que vidas podem ser criadas? Que corpo pode ser traçado, rabiscado? Que forças se embaralham? Como expressar as intensidades, as lentidões que se impõem? Tantas questões para uma só exigência, escrever, fotografar, desenhar as melodias da catástrofe, do horror por meio de dois corpos que se rasgam, que latem noite adentro. Dois cadernos que rabiscam sons da pandemia, são cruzadas entre dois corpos que em isolamento doméstico (Belém-Altamira-Pará). A escrita não vem como defesa de uma impureza, mas para atenuar certos perigos da solidão, não se mostra como disciplinamento dos atos, mas como convocar o pensamento e o corpo frente àquilo que nos afeta, ao que nos arrasta para algum lugar que às vezes não se sabe ao certo onde vai, mas que causa receio, como se algo no corpo desejasse se manter em alerta, à espreita, vigilante do que se passa entre em tempos de horror. Criar modos de criação, outra linguagem, produzir novos afetos, percorrer outras invenções subjetivas, abrir o corpo para outro campo do possível para seguir afirmando o que nos acontece e não permitir o adoecimento, o transbordamento de sintomas nefastos. Palavras-chave: Singularidade, Corpo, Cadernos de sons, Pandemia.
Abstract
To point out a singularity that does not arise in orderly successions, but by agitation, causes certain turbulences to impose itself on the body in a state of isolation, in quarantine, due to a worldwide pandemic. What forces can be invented? What thoughts can be manifest? What lives can be created? Which body can be traced, scrawled? What forces are mixed up? How to express the intensities, the slowdowns that are imposed? So many questions for just one requirement: writing, photographing, drawing the melodies of catastrophe, of horror by means of two bodies that tear, that bark into the night. Two notebooks that scribble pandemic sounds are crossed between two bodies in domestic isolation (Belém-Altamira-Pará). Writing does not come as a defense of an impurity, but to mitigate certain dangers of loneliness; it does not show itself as disciplining the acts, it comes to summon the thought and the body in face of what affects us, to which it drags us to a place that sometimes it is not known exactly where it is going, but that causes fear, as if something in the body wished to remain on the alert, lurking, watching what is going on between these times of horror. It exists to create modes of creation, another language, to produce new affections, to go through other subjective inventions, to open the body to another field of the possible to continue affirming what happens to us and not allowing illness, the overflow of harmful symptoms. Keywords: Singularity, Body, Sound notebooks, Pandemic.
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Referências
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